Armazenamento de grãos em silos – Riscos de Explosões
As unidades rurais, urbanas e portuárias, que possuem estas unidades armazenadoras de grãos apresentam alto potencial de risco de incêndios e explosões.
A tarefa se inicia com a chegada dos caminhões carregados de grãos, logo depois eles são descarregados na moega criando uma imensa nuvem de poeira com condições propícias para uma explosão, no contato com uma fonte de ignição, isto é: o calor. Depois os respectivos grãos serão levados pelo elevador até os silos para serem destilados, secos e logo a seguir armazenados.
Atualmente existem várias formas de se prevenir uma explosão causada por poeira, todavia pouco se faz para diminuir estes acidentes. As normas de segurança tentam minimizar os efeitos e os riscos, mas se não houver consciência dos fatores de seguranças, isso de nada resolve.
As condições de segurança em unidades de armazenamento de grãos, que são espaços confinados, estão previstas na Norma Regulamentadora (NR 33), segurança e saúde em espaços confinados. NR 10 (segurança em serviços de eletricidade), e outras normativas da ABNT, pois há inúmeros riscos em silos, que ameaçam a integridade física dos trabalhadores. Entre esses, porém, faço questão de destacar o risco de explosão.
A minha apresentação de hoje tem como objetivo alertar todos, no sentido de minimizar os efeitos dos elementos causadores de atmosfera explosiva capazes de gerar frequentes explosões e incêndios, causando inúmeros acidentes de trabalho e vários fatais.
Enfim, a nossa proposta consiste na sensibilização dos envolvidos para a adoção de medidas de segurança que levem a diminuir os riscos de incêndios e explosões nos silos. Prevenção, pois a falta de informação sobre os sinistros explosivos envolvendo poeira de grãos de origem agrícola, tem levado os responsáveis a cometer omissão quanto à prevenção em silos.
São várias as causas para a ocorrência das explosões. Portanto, há vários métodos preventivos, como limpeza do local, evitar fontes de calor, fazer o aterramento de motores e manutenção de aparelhos, blindagem do sistema elétrico (EX), e a proteção de ventiladores e peças rotativas.
Além disso, deve-se confiar a proteção de ambientes com atmosferas explosivas como os silos, aos profissionais especializados e capacitados em projetos específicos a cada local.
As regras de proteção contra os riscos de explosão estão estabelecidas em Normas e são os profissionais envolvidos com áreas classificadas que estão aptos a programar as medidas de prevenção.
A partir de análises técnicas, o consultor em segurança do trabalho irá propor medidas para evitar a formação de atmosferas explosivas ou, caso não seja possível, evitar a sua deflagração e a propagação de eventuais explosões.
Lembro que as atmosferas explosivas são constituídas por misturas de ar com substância inflamável, que, no caso do silo, gera as poeiras, nas quais, após a ignição, desencadeia o sinistro.
Os locais onde se formam atmosferas explosivas são classificados em função da frequência e de sua duração. Como se pode entender, não é qualquer pessoa que tem know how para propor soluções técnicas de prevenção. Para que aconteça uma explosão é preciso que a quantidade de material combustível seja de grandes proporções, bem como tenha pouco espaço entre si, com o oxigênio do ar.
Conforme determina a legislação a responsabilidade pelas medidas de prevenção deve ser da empresa, e cabe à sua gestão, contratar profissionais que saibam projetar os parâmetros de proteção, por meio de equipamentos e sistemas adequados.
Afinal, causar danos aos trabalhadores em função de partículas orgânicas com diâmetro entre 1 a 100 um (micrometro) é muito grave podendo ocorrer acidentes graves e fatais e a destruição do patrimônio.
O perigo que a poeira de grão oferece é grande quando encontra as condições ideais (oxigênio e uma fonte de ignição). Para manter a segurança em silos é necessário, primeiramente cumprir a norma da ABNT NBR 16.385, que define os requisitos para a fabricação, processamento e manuseio de partículas sólidas combustíveis. Também deve-se atender às disposições da NBR 15.662, que trata do Programa de Gerenciamento de Riscos de Explosão de Projetos Industriais.
O silo é um espaço confinado, ou seja, um local que não foi projetado para a ocupação humana e que contém ventilação insuficiente. Para armazenar grãos, ele precisa ter um projeto de análise de risco específico, que proteja o ambiente contra explosão, uma vez que a poeira de grão é formada por aproximadamente 75% de matéria orgânica e 25% de matéria inorgânica. A análise de risco é importante para que se possa mensurar o tamanho da atmosfera explosiva.
É preciso conhecer as características do produto a ser armazenado no local e, principalmente, sua concentração. O acúmulo de poeira com potencial de explosão está entre 30 e 40 gramas por metros cúbicos, portanto, recomendamos para as atmosferas explosivas, que a concentração máxima de poeira de grãos seja de 4 g m-3 de ar. A faixa mais perigosa para gerar uma explosão varia entre 20 e 4.000 g m-3 de ar.
Há ainda outros parâmetros críticos para a explosão de poeiras de grãos, como:
O tamanho da partícula: < 0,1 mm;
A concentração da poeira: 40 a 4.000 g m-3;
O teor de umidade do grão no local: < 11 %;
O índice de oxigênio no ar: > 12%;
A energia de ignição: > 10 a 100 mega Joule (mJ);
A temperatura de ignição: 410 a 600 ºC.
É recomendável propor a ventilação local exaustora, que capta os poluentes da fonte, antes que se dispersem no ar. Cada sistema de prevenção e proteção contra o risco de explosão em silo deve ser projetado especificamente a cada local.
Para combater tragédias em silos, a direção das empresas e seus respectivos gestores precisam adotar estratégias de prevenção, ou seja, primeiramente, deve-se cumprir as normas já citadas, que regulam requisitos para a fabricação, processamento e manuseio de partículas sólidas combustíveis. Sempre também, é recomendada uma análise de risco, para identificar, avaliar e controlar o nível de poeira acumulada dentro dos silos, ou seja, um trabalho essencialmente técnico e não empírico!
Outro aspecto relevante é manutenção preventiva, para garantir a confiabilidade dos sistemas de supressão, que é um conjunto automático de combate a incêndio. Esse sistema é instalado em máquinas do silo, como secadores, trituradores, coletores de pó, transportadores, entre outros.
Não se pode combater o risco de explosão em silo copiando um padrão como se fosse uma receita de bolo (MODELOS), pois nos dias de hoje há inúmeras tecnologias de segurança contra explosão.
No caso do dispositivo de proteção passiva, as janelas de alívio, que costumam ser instaladas no topo do silo, são os mais conhecidos equipamento de proteção. Quanto à supressão ativa da explosão, há equipamentos que permitem detectar e suprimir a combustão de uma atmosfera explosiva em seu estágio inicial. Enfim, determinar as diretrizes técnicas de segurança para o armazenamento de grãos.
Concluindo, o treinamento nas empresas para capacitação dos envolvidos serve para ampliar as habilidades dos trabalhadores. Assim, essa prática é um grande investimento, e não um custo.
Quando se trata de capacitar empregados, deve-se fazer uma reflexão estratégica, que merece toda a atenção da empresa (envolvendo os terceiros). O treinamento, e a qualificação das competências pessoais para a realização de atividades em áreas classificadas é fundamental e muitíssimo importante. Não basta apenas a entrega de certificados.
É muito importante também, sensibilizar as empresas que mantêm silos, a investirem em equipamentos de proteção contra explosões, pois a grande maioria das explosões causadas pela poeira destrói vidas, sendo decorrência do descuido e da negligência das normas técnicas e dos requisitos legais. Repito, elas existem e funcionam para o bem da prevenção!
José Augusto da Silva Filho – Especialista e Instrutor da NR 20 (Líquidos Combustíveis e Inflamáveis), Segurança Química: Intersetorialidade e Regulamentação em Prevenção de Explosões e Áreas Classificadas, capacitado pela Fundacentro como Agente Multiplicador, pelo Centro Técnico Nacional, em São Paulo. Consultor Técnico em Segurança e Saúde Ocupacional, Instrutor e Monitor de Treinamento na área de SST, mais de 40 anos de experiência em diversos ramos da atividade econômica. Professor e autor do Livro Gerenciamento de Riscos Ocupacionais – GRO / PGR pela LTr Editora Ltda, Auditor Líder em Sistemas de Gestão ISO 45001:2018, ISO 31000:2018 Gestão de Riscos, ISO/IEC 31010 Processo de Avaliação de Riscos e DIS / ISO 45003:2021 (Diretrizes e Gestão em Saúde Psicológica e Segurança e Saúde no Trabalho). Jornalista Reg. Profissional: 0089062/SP
Fonte : Contato: augustomehana2@gmail.com whatsapp (11) 9320-8637
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